Vênus

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Na tempestade, sobre a estéril lama,
Há uma alucinação que me apavora.
Eu chovo e sonho e quando vem a aurora
Um pranto alucinógeno me chama.

É a estrela d'alva, nua sobre a cama
- Desnuda de atmosfera me devora.
Dissipo sua vida. Sua forma
Me queima num olhar de ácida chama.

Nesta ilusão eu marcho, sem destino,
Pois aquele orbe segue-me, insistindo
Que de seu mar não brota só veneno.

Eu sei que pode parecer loucura,
Mas lá contemplo a escuridão futura
Que nos fará qual fez-se sobre Vênus.

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