Nhagaclulu

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“Nhangaclulu, demônio dos cerrados,
A teratogenia de tentáculos.
Ser cefalópode e tupinambá
Caído das estrelas negras, mortas,
Na primitiva, tétrica e ciclópica
Província dos ipês e infértil ar.

Deus invertebrado espacial
Sonhando no Sertão vertiginal.
Polvo hibernando em plasma de enzimático
Viscoso rio sob pés de pequi
– O límpido Aqüífero Guarani,
Vital para esse ser molusco flácido.

Nhangaclulu já foi onipotente.
Agora, nas crateras estridentes
Anseia a volta de seu Cosmos Gil
– Fotões da Via Láctea, seu senhor,
Que na dobra espacial lhe desandou
Quedado nos sertões do vão Brasil.

Espacial diabo invertebrado
Nadando no Araguaia, solitário.
Maior senhor dos povos primitivos
Que cá habitavam, gente macrojê.
“Mas ele ainda vai nos renascer”
A liturgia brada, dos antigos.

Nhangaclulu, Leviatã da terra
Deforma, triste, toda a densa selva
Que queda, pois, tal qual portal deserto.
Vai longe a sua estrela demoníaca
- Lá moram criaturas esquisitas
Que um dia já reinaram neste Império.

Espalham-se os seus braços sob Goiás
E sua natureza vai voraz,
Faminta, tão sedenta de vingança.
Por que eles foram lhe tirar o mar?
O polvo, agora, quer abocanhar
Os homens que lhe apagam da lembrança”

Bradou Nhangaclulu para o ancião
Que me narrou tal saga, no Sertão.
Remoto vou, guiando-me Omulu
E assim me segue - sempre - na memória
Deste Cerrado a verdadeira história.
Do monstro de Goiás: Nhangaclulu!

4 comentários:

yan disse...

Cool!!


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Márcio Beckman disse...

Chique! Esse parece mesmo vindo das profundezas do inconsciente. Lembra um pouco a minha poesia "Soneto ao Sol" no jeito de descrever as coisas.

Márcio Beckman disse...

Eu conheço um pouco o mito do Cthulu dos meus tempos de RPG, acho interessante.

Aninha disse...

Hélio! Estou esperando os teus poemas para postar no Campo de Sonhos. Manda pra mim, ok?

meu e-mail é ana.gau@gmail.com
Beijossssssss

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