Versos a uma Mulher

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Ó, rapariga de beleza incauta
Às formas tuas, tão sinuosas, mágicas
Dedico essa ânsia minha, voluptosa.
São as lembranças da primeira infância
Tuas fecundas e rígidas mamas,
Oriundas da mamífera memória.

Teus olhos são crepúsculos e auroras
Sobre a vã vida minha, que devoras.
Tua carne é meu maior mister,
Pois és o túmulo onde hei de encerrar-me
Para buscar todas as obscuridades
Que brotam da telúrica mulher.

Desnuda, c'os cabelos contra o vento
És o maior epíteto de Vênus.
Reflexo de Deméter e de Gaia,
És a terra onde eu chovo, onde eu semeio,
És a floresta, és todos os anseios.
Por entre as coxas tuas, minha casa.

O teu corpo - ó, que pampa mais lascivo!
Forjou-se como um cálice, e em teu brilho
O excitado universo pôs-se, cego.
Dama dos lábios róseos extasiantes,
Eu sou dentro ti novamente infante,
E dentro de ti volto a ser um feto.

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